Dentro da noite, em graves rapsódias
Em mim resvalas, a me beber lepidamente
A passear tua pele em minha pele
A desfolhar, suavemente, as minhas pétalas
Sarças de fogo queimam com doçura
A açular os cães que sempre caçam, lestos
No ermo das florestas, prenhes de mugidos
Quanto a mim, enfim sigo sepultado
Entre penumbras, nas garras tremendas
Em suspiros naufrago, e novamente morro
Anjos explodem, caem pelos céus
Faunos gargalham, trocam seus anéis
Centauros trotam, soltos nos abismos
Mármores racham, cerram os mausoléus
Fernando MB
*Quadro: Odilon Redon, A Carruagem de Apolo (1910)
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