terça-feira, 16 de novembro de 2010

Negrume


do alto olhei e vi
um poço medonho, fastidioso
o pêndulo mortal estava ali
bem como um gato negro manhoso

corvos obscuros revelavam segredos obtusos
a aldeia vociferava o arrastar-se de ideias
procelas que arrebentavam barcos moribundos
confundiam-se com o horror de negras aleias

orangotangos ululavam segredos macabros
envoltos de indecifráveis emblemas
besouros e caveiras, sopros e pigarros
de uma alma instável para com os seus dilemas

Poe, perambulante, focava mistérios
retratava olhares, risos soturnos
ornava segredos e cemitérios
retratava olhares, risos imundos

conta-me o ardor dessa ciranda
que dança ao escutar Puccini
és melancólica e leviana
és trágica e sublime 


Soares