Por toda a parte Sílfides tenebrosas: as faces travestidas de fome e miséria, como que vindas do reino de Tântalo. Harpias vis a nos espreitar com seus rostos terrivelmente suaves.
Outrora, eu andara distraída pela rua, quando a Morte me espiava. Eu, surpreendida, ofendida, maculada, encantada sob a luz de uma lua minguante e anciã, contemplei ali, na calçada estendida, uma lânguida estátua destruída. Pedaço de carne solto sob a pele pálida e maquiada.
Na fronte angular, traços de rainha destronada, os cabelos louros e artificiais são grotescas serpentes a se devorarem. A pose de afronta, o gesto que oscila, a ferida que salta, o flanco que se abre formam uma ópera lírica, ao som de meus nervos pulsantes, palpitantes. Há uma atmosfera impura. Os olhos verdes de vidro ainda cheios de uma beleza impossível, abertos, voltados para o céu como se esperassem algo. No canto da boca, um sorriso escarninho mais enigmático que o da Monalisa, mais apavorante que o da Esfinge. Perniciosa, exige ser olhada!
A voluptuosidade do trágico, o requinte do malsão... bravo, Suzane!
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