Sugo do sangue a poesia,
suave serpente malígna.
Sugo-a até à melancolia
nesta busca insana e indigna.
Seguramente sei que és vil.
Seguramente sei que és poderosa,
assassina, cruel, magnífica, atroz, crível,
seguramente sei que me mata.
Ouço o furor de sinos eternais
como um templo dentro de minh'alma.
Seus pilares já não suporto mais:
cravados estão meus dentes numa doce garganta.
Sugo do sangue a poesia.
Sou um fantasma da noite...
Seguramente sei minha profecia:
seguir o Ideal, trazendo à boca um açoite.
* Tela: Salvador Dalí - Cabeça de nuvens
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