domingo, 31 de outubro de 2010

Fantasma da noite



Sugo do sangue a poesia,

suave serpente malígna.

Sugo-a até à melancolia

nesta busca insana e indigna.



Seguramente sei que és vil.

Seguramente sei que és poderosa,

assassina, cruel, magnífica, atroz, crível,

seguramente sei que me mata.



Ouço o furor de sinos eternais

como um templo dentro de minh'alma.

Seus pilares já não suporto mais:

cravados estão meus dentes numa doce garganta.


Sugo do sangue a poesia.

Sou um fantasma da noite...

Seguramente sei minha profecia:

seguir o Ideal, trazendo à boca um açoite.


* Tela: Salvador Dalí - Cabeça de nuvens

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