V e r s o s s o l t o s, f i n o s. De pedras, c o l a r.
A riqueza que me banha
Sutilezas, artimanhas,
Sedução, lástima, devoção, odor de minhas entranhas.
V e r s o s r a r o s. De rubis, c o l a r.
Basbaques que carreguem a caleça
De diamantes, que eu ornada amanheça
O mover de meu ventre traz do profeta a cabeça.
V e r s o s n o b r e s. De jaspe, c o l a r.
Que banhem-me em pétalas de ouro os eunucos
Sob minha ávida e pura altivez, os tolos, os estultos
Eu, fatal, sacerdotisa e pitonisa, dona de todos, dona de mundos.
V e r s o s o r n a d o s. De safiras, c o l a r.
Meus lábios rubros,sangrentos, nada proferem
Encarcero nas garras felinas manhosas os que me querem
Voz fêmea, Lilith, Salambô, Cleópatra, Vênus, Salomé, Natássia, que me venerem.
V e r s o s s u b l i m e s. De esmeraldas, c o l a r.
Eva, máter, Shiva, Pandora
Servo, escravo, o homem prostrado, adora, implora
Amores loucos, infindos. Rainha, deusa, Jezabel, Flora.
V e r s o s l e v e s, aterradores. De pérolas, c o l a r.
Debruço morosa, sacra, santa, retumbante, em cortejos vis
Devaneios sensuais, sussurros, prazerosos, suculentos, escassos, anis
Gueixa inebriante, posta em pedestal, senhora de si, animalesca, loba, amante, meretriz.
Soares
*foto: Oscar Wilde
Poema fascinante,inebriante... com rimas inesperadas e associações inusitadas...
ResponderExcluirVersos luxuriantes de rara beleza estética!!
Inédita ourivesaria...
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