quinta-feira, 5 de maio de 2011

Marília de Drácula



Eu, Marília, não sou algum santo,
que viva a rezar em genuflexório;
De rezas rasas, d'amla e recanto,
dos coros sacros, de terço notório.
Tenho tez sepulcral, e nela me louvo
Dá-me tu, tu'alma, pavor, finitude
Das brancas pias tiro o vigor, a virtude
E mais as boninas maldosas, que sorvo.
Graças, Marília parva,
Graças à minha Escrava!



Marília, meus dentes
São réus e culpados,
Que sofra, e que beije
Os lábios arcados
Que a Ti atiro
Marília, escuta
seu amo, Vampiro.



Minha bela Marília, sou eterno;
Tua sorte é fútil, ignóbil e pecita;
Se a ventura aos males excita,
É ela beata de tolos, gélido inferno.
Estão os mesmos Deuses
seduzidos ao poder do imanente
Zeus, que se encatava com as mortais
Nunca quis ser permanete

A devorante mão negra da Morte
acaba de roubar-me de Ti;
Até na triste sepultura hei de rir
Zombar da tua inconstante sorte.




soares


*Este poema foi estruturado a partir dos versos do poema Marília de Dirceu de Thomás Antônio Gonzaga, um dos poetas do Arcadismo.

*foto, filme Drácula (1931)