Desprezo a atroz submissa,
mulher escrava de princípios éticos.
Rejeito a donzela frígida,
ignóbil e contrária aos devaneios céticos.
Queimem em labaredas flamejantes e impetuosas
as raparigas imaculadas de cenho curvado!
Lancem no Aqueronte as filhas bondosas
e as vísceras das cândidas mães ao Cérbero esfomeado!
Hei de regurgitar-te de minhas entranhas
fêmea obediente, ovelha muda e vil.
Da pompa que vestes em roupas de tamanhas
austeridades decrépitas, és serva tosca, pueril.
Gargalho de teus sofrimentos e pensamentos rasos,
da tua incongruência de alma fútil e asquerosa.
Quem dera fosses perdigueira do teu futuro escasso
para poupar-te a lástima de seres trivial, réproba morosa.
Soares
*tela: "Arrufos", Belmiro de Almeida (1887)
Que belo diálogo com o Mestre!
ResponderExcluir"Jamais serão essas vinhetas decadentes,
Belezas pútridas de um século plebeu
Nem borzeguins ou castanholas estridentes,
Que irão bastar a um coração igual ao meu.
Concedo a Gavarni, o poeta das cloroses,
Todo o rebanho das belezas de hospital,
Pois nunca vi dentre essas pálidas necroses
Uma só flor afim de meu sangüíneo ideal."
As flores do Mal - “O Ideal” (fragmento)