segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Malsã



Desprezo a atroz submissa,
mulher escrava de princípios éticos.
Rejeito a donzela frígida,
ignóbil e contrária aos devaneios céticos.

Queimem em labaredas flamejantes e impetuosas
as raparigas imaculadas de cenho curvado!
Lancem no Aqueronte as filhas bondosas
e as vísceras das cândidas mães ao Cérbero esfomeado!

Hei de regurgitar-te de minhas entranhas
fêmea obediente, ovelha muda e vil.
Da pompa que vestes em roupas de tamanhas
austeridades decrépitas, és serva tosca, pueril.

Gargalho de teus sofrimentos e pensamentos rasos,
da tua incongruência de alma fútil e asquerosa.
Quem dera fosses perdigueira do teu futuro escasso
para poupar-te a lástima de seres trivial, réproba morosa.


Soares


*tela: "Arrufos", Belmiro de Almeida (1887)

Um comentário:

  1. Que belo diálogo com o Mestre!


    "Jamais serão essas vinhetas decadentes,
    Belezas pútridas de um século plebeu
    Nem borzeguins ou castanholas estridentes,
    Que irão bastar a um coração igual ao meu.

    Concedo a Gavarni, o poeta das cloroses,
    Todo o rebanho das belezas de hospital,
    Pois nunca vi dentre essas pálidas necroses
    Uma só flor afim de meu sangüíneo ideal."

    As flores do Mal - “O Ideal” (fragmento)

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