terça-feira, 13 de julho de 2010

"El Desdichado"


Bebeu de um gole a taça de conhaque
Ruflou sua capa ao sabor dos ventos
Na escuridão, um velho almanaque
Continha os cânticos de seus tormentos...

"Ó Deus! o fado de suas criaturas
É não saber, na errância, do porvir
Quisera o Céu, em suas ondas mais puras
Não ter deixado minha alma partir!"

Percorre, assim, as ruas, toda noite
Com seu rubi e seu anel de prata
A encontrar, nas frestas, o açoite...

No beco escuro, pela madrugada,
Vai saboreando os transes do martírio
Roçando os lábios no frescor de um lírio...



Fernando MB


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