Eia Jezabel, transgrediremos nós no Inferno?
Não vês as almas em esparrelas aqui derramadas?
Transgressores não somos nesse vulcânico inverno
Somos meros, ralos, somados a doxas regaladas
Nem lésbicas, sodomitas, flâneur, dândi, Pandora
Não nos sobra em tempo a sutil originalidade
Resumiram-nos em figuras benditas d´outrora
Resumiram-nos em traços de redil anormalidade
Urge em nós a revelia
glória sórdida fugidia
clama fria a euforia
pecado herege um dia
Eia Jezabel, os sulcos das vinhetas estão sem viço!
Como hei de ver o Hermes do teu fabuloso busto
se a plebe possui reflexos de um nobre cortiço?
Escrínios vazios, brilhantes sem brilho por susto...
descarnados estamos do prazer
reduzidos a clangores internos
segredos inauditos estão a dizer
mataram os mistérios eternos
Eia Jezabel, minha alma sangra por falenas
que um dia vociferavam em cópulas amenas.
Hoje, barregãs floridas são escravas de novenas
em sufrágios, peanhas, comuns atos, cenas
Ah, amada Rainha de Baal
bebamos do negro castiçal
Se em nada podemos atiçar o mal
a arte Morre em anástrofe carnal
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Eia Jezabel, os cães que te devoram nua
uivam a suculência de begônias malditas
são dignos de tua vítrea carne crua
em banquetes de esfumaçadas pecitas
Nem lésbicas, dândi, Pandora, flâneur, sodomitas
Não nos sobra em tempo a originalidade sutil
Resumiram-nos em figuras d´outrora benditas
Resumiram-nos em traços de anormalidade redil
soares
tela: Hercules and the Lernaean Hydra, Gustave Moreau,1876
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