
Minha amada, calipígia, cansada dos valores burgueses
de obviedades torpes, e reveses mui constantes 
arrancou as órbitas tonitruantes outrora tão brilhantes 
colocando-as em uma caixa incólume de brincos dinamarqueses 
Ei-la agora espúria, sensorial
contra a moral encanecida, caquética 
Observa o bem e o mal 
picardias pictóricas, cinéreas, sinestésicas 
Justine dos ideais sádicos 
Pandora de sonhos destruidores
Salomé dos desejos fálicos 
Moira de futuros transgressores
Minha amada, enfática, me imagina, blasè, daimonômica, encantada 
Sente de mim o odor putrefato da carniça prístina ensaguentada 
Tateia meu peito, retira o punhal periclitante e dança inebriada 
Percebe agora que tudo enxerga e sorri com arcada jocosa, escancarada
Soares
Soares
para Mona Lazar
* tela: Nu assis sur un divan (La Belle Romaine) de Amadeo Modigliani.
* tela: Nu assis sur un divan (La Belle Romaine) de Amadeo Modigliani.
Nenhum comentário:
Postar um comentário