
do alto olhei e vi 
um poço medonho, fastidioso
o pêndulo mortal estava ali 
bem como um gato negro manhoso
corvos obscuros revelavam segredos obtusos 
a aldeia vociferava o arrastar-se de ideias
procelas que arrebentavam barcos moribundos 
confundiam-se com o horror de negras aleias
orangotangos ululavam segredos macabros
envoltos de indecifráveis emblemas
besouros e caveiras, sopros e pigarros 
de uma alma instável para com os seus dilemas
Poe, perambulante, focava mistérios
retratava olhares, risos soturnos 
ornava segredos e cemitérios 
retratava olhares, risos imundos
conta-me o ardor dessa ciranda
que dança ao escutar Puccini 
és melancólica e leviana
és trágica e sublime 
Soares